sexta-feira, 23 de abril de 2010

Até Quando?


Hoje, me peguei pensando em algumas coisas, que os problemas do dia a dia não me permitem pensar. Dos 14 aos 29/30 eu sempre sonhei em viver da música, mais precisamente do Rap. Sempre foi minha vida, não somente nos estilos de vestimenta e atitudes explosivas da adolescência, mas o Hip-Hop em si me ensinou a ser homem.

Com o Rap aprendi a ter respeito, atitude, a expressar tudo que penso sobre qualquer assunto, a agir mais com a razão e menos com a emoção e a lutar por todos os meus ideais. Força de luta essa que a maldita depressão, por alguns instantes, me fez esquecer e que, por alguns instantes, quase me deixou prostrado em uma cama, sem sonhos, ilusões ou até mesmo pensamentos futuros. Mas sobrevivi a mais esta batalha, que com certeza não foi a última, muitas virão neste mundo louco que jamais nos deixa em paz. Tanto é que fiz um álbum no meu orkut com os "Formadores do meu Caráter" para poder me encontrar novamente.

Como um apaixonado pela cultura sempre fui militante aqui na Baixada Santista e sempre me envolvi em todos os estilos, me tornando além de MC, B.Boy (que a forma física não me permite mais) e grafiteiro. Os eventos, na grande maioria feitos na rua ou em espaços muito pequenos, me proporcionaram grandes momentos. Fiz muitos amigos, mas, na época, a falta de divulgação e as condições precárias acabaram estreitando nossos laços com os meus ídolos.

Destes, alguns acabei mantendo contato por mais tempo, por mais que o acaso acabe nos separando, sempre acabamos mantendo estas pessoas que um dia tivemos um estreitamento, mesmo que breve, guardadas de alguma forma em nossas vidas.

Helião, LF, RPW (que fiz um esquema da hora junto com eles no Ton Ton Club), MV Bill, Rappin Hood, Black Alien, Nelson Triunfo e Nino Brown, Doctor’s Mcs, Thaíde, Criminal Bass, (meus parceiros até os dias de hoje), André do Rap, Criminal D, os grafiteiros Gueto e Bola 8, Gilmar Alvos da Lei (RIP), Dina Di (RIP), Sabotage (RIP) entre outros.

Mas os últimos 2 foram os que mais me marcaram em toda essa caminhada, não somente o que foram, não somente na cena, mas pelo que me ensinaram sobre a vida.

Guerreiros acima de tudo, formadores de opinião que nunca se renderam nem ao maior dos furacões. Tive conversas de várias horas com ambos e sinto falta disso, não exatamente com eles, mas com pessoas verdadeiras que acabam transformando nossos problemas em pequenas formigas perto do que já passaram.

Mas o que mais me leva a repensar tudo que lutei e vejo muitos irmãos lutando é o caso da Dina. Esta parte do texto da amiga Jéssica Balbino resume o caso:

“...Numa clínica particular, a rainha do rap, que sempre enfrentou maus bocados pela vida, foi contaminada pela negligência humana, que a impediram de continuar vendo o filho crescer e não permitiu que ela sequer cuidasse da pequena Alinne.
Viviane Lopes Matias, como diz no RG que ela perdeu por tantas vezes, faleceu no último dia 19 às 23h30, quando foi internada num hospital na capital paulista.
O que mais indigna e se faz inconcebível é como uma mulher morre, em pleno século XXI, de infecção do parto?! Qual a falha humana que permite que uma mãe fique doente e não possa criar e cuidar do filho?...” Veja mais clicando AQUI.

Até quando seremos tratados como cachorros em um sistema falido que a cada dia vem mostrando suas gritantes falhas e nada é feito? E não digo de serviços públicos e não apenas da Dina. A cada dia vemos casos absurdos nos telejornais e nada é feito, NADA. E a culpa é da população que a cada dia se torna mais omissa e dominada por pessoas inescrupulosas que a cada dia nos afundam mais em um mar de lama que prendem nossos pés e nos proíbem de lutar.

Eu não desisto, eu jamais deixarei de lutar, seja contra a minha saúde, meus inimigos ou até mesmo contra toda esta atrocidade que nos assola nos dias de hoje. Não vou admitir que meus amigos percam a vida ou sejam mutilados por atos sujos que apenas beneficiam os infratores.

E você? Vai fazer a sua parte?

Fiquem com um vídeo que sempre que ouço me faz refletir bastante.