Voltando ao passado

Talvez me expressar assim não seria a forma ideal, mesmo não externando o problema, apenas para os mais íntimos, mas eu preciso desabafar. De uns anos pra cá não sou mais o mesmo, me sinto mais tranquilo e sensato, mesmo que algumas atitudes minhas digam o contrário, pois como digo, sou uma granada sem pino, não levo desaforo para casa e, muitas vezes, acabo levando a culpa de muita coisa pelo que fui lá atrás e não pelo que sou agora.

Cá estou eu de novo, 6 anos depois, tendo que enfrentar meus fantasmas novamente. Hoje posso dizer que me assustam, é óbvio, pois nunca é fácil, mas, após ter passado experiência parecida, estamos preparados para a próxima batalha, com medo, pois este sentimento talvez seja o mais difícil de nos desvencilharmos, mas preparados para a vitória, pois jamais contarei com a derrota.

Hoje tenho plena consciência dos amigos que tenho e das pessoas que posso contar, me considero mais controlado e menos emocionado em relação ao meu estado psicológico e, mesmo me considerando um agnóstico teísta - lembrando que não falo sobre religião, pois respeito todas, apesar de não seguir nenhuma - (é o que admite que não tem conhecimento que comprove a existência de Deus, mas, acredita que Deus existe ou admite a possibilidade de que pode existir) acredito que o mundo é movido pela fé e, por meio dela, muitas coisas boas acontecem, inclusive curas e melhoras absurdas em quadros clínicos.

Acredito inclusive, que a fé que move a força que vem caridosamente dos corações de quem só pensa em ajudar, é responsável direta por ter curado meu pai em 2011 e, logo após a sua recuperação e minha derrubada, foi esta mesma fé que me colocou de pé de novo.

A maturidade tem me deixado mais tranquilo e tenho buscado meios de me controlar de formas que anos atrás jamais passariam pela minha cabeça, como a meditação.

Sei que muitas vezes acabo dando uma surtada e falando coisas que não deveria, a culpa é de quem? Minha, óbvio. Sou responsável por tudo que falo e faço, independente do meu estado psicológico.

Esta semana li algo que me fez refletir muito sobre tudo que tenho passado nos últimos tempos, inclusive as respostas atravessadas sem necessidade que levei e fiquei chateado, mas mereci, pois não deveria ter levado adiante alguns assuntos.

Por que você não consegue perdoar quem te fez mal? Por que você ainda não compreendeu a razão pela qual precisou passar por determinada situação. Você ainda está na posição de vítima, com o dedo apontado para o outro. Porém, por mais que você tenha sido machucado e que o outro esteja realmente errado, somente a autor responsabilidade pode te libertar. Por isso eu te convido a dar um passo adiante: liberte-se da raiva e do sentimento de injustiça, pois isso é o que sustenta a ideia da vitima. Isso é somente um microfragmento da realidade - é apenas uma história. Você não é o corpo e nem o ego. Comece a perguntar "porque precisei passar por isso?". Dessa forma você dá um passo rumo ao real.

Sri Prem Baba

O que aprendi com este trecho foi que nem todos somos iguais, não é porque sofremos no passado que hoje vamos sofrer também, ou, achar que as pessoas que tentam reduzir o espaço entre elas e esta redoma de vidro a prova de balas que criamos, farão o mesmo que nos fizeram antes. As pessoas são diferentes, com pensamentos, posturas e o principal de tudo, caráter e personalidade diferentes. Portanto, não deixe a porta trancada.

No passado afastei pessoas que eu gostava muito de conviver por conta do meu temperamento brusco e, talvez, por ser uma pessoa sem filtro ao falar o que penso, o que me causou muita dor de cabeça e  tristeza, pois muitas delas eu gostava bastante.

Tenho percebido que minha redução no uso da internet tem me ajudado bastante. Não consigo ainda me desvencilhar deste antro de ódio destilado, no qual não faço parte, mas aos poucos vou me desligando, desativando uma rede social por tempos aqui, outra ali e assim me sentindo livre.

Minha real missão hoje é viver bem, não em relação financeira, mas com meus familiares e amigos. Quero poder desfrutar cada segundo ao lado dos meus pais, morando com eles - e foda-se o que você acha da minha escolha de morar com quem eu amo - passar a maior parte do tempo fazendo coisas que gosto e, diferente do que acha algumas pessoas da tradicional família brasileira, não preciso ter um relacionamento para ser feliz, já constituí família e isso me supre.

Minha luta diária contra o pânico e a depressão está cada vez menos dolorosa, mesmo estando de alta faz 4 anos, esta doença nos assombra e volta e meia tenta retornar pelos meios mais inusitados.

6 anos atrás fiz a pior besteira da minha vida e hoje, mesmo assustado, estou de cabeça em pé e pronto pro combate.

Jamais repetirei meu erro, tenho pessoas que me amam e outras que possam vir a me amar daqui para frente, preciso ser forte e serei.

O que peço hoje, sem dar detalhes, pois ainda é cedo, é que orem, rezem, pensem positivo ou façam o que a sua fé lhes permite, não por mim, mas pela minha família, pois precisamos muito da ajuda de vocês.